Chegou a hora de fazer escolhas e de eleger
No processo eleitoral em decurso para eleição dos representantes dos professores e investigadores ao Conselho Geral da UBI para o mandato 2012-2016, foram apresentadas três listas, com um total de 90 candidatos entre efectivos e suplentes. Esta é uma demonstração muito clara da vitalidade da nossa Academia. Afinal, existe na UBI uma cultura de participação, de debate transparente, de liberdade intelectual, manifesta oportunidade de opinar livremente e sem medo, ao contrário do que alguns, por vezes, nos querem fazer acreditar.
Esta realidade, conjuntamente com a sua credibilidade actual, resultou de um trabalho colectivo, contínuo, de mais de 25 anos, com lideranças diferentes, mas sempre muito envolvidas no processo de evolução e crescimento da instituição e com o objectivo claro de aposta na liderança de todas as vertentes científicas, sociais e económicas do seu tempo. Esta Universidade nasceu em espaço difícil mas estimulante, com muitos constrangimentos, e muitas vezes foi pouco amada e algumas, mesmo ignorada. Todavia, soube impor-se, resistir, moldar-se aos tempos e necessidades, permanecendo fiel aos seus princípios, aos seus valores e à sua missão.
Nos anos mais recentes foram realizadas profundas transformações internas e externas. A produção de legislação nacional, com impacto significativo no Ensino Superior Universitário e na profissão docente, implicou a necessidade de adaptar estatutos e regulamentos, organizar processos de acreditação, certificação e avaliação, debater e alterar procedimentos internos. Estas transformações estiveram bem presentes no nosso dia-a-dia. Por vezes, pouco tempo ficou disponível para as atividades docentes, de investigação, de gestão e de transferência de conhecimento e de serviço à comunidade, mas o nosso querer, a ação pragmática e sentido de responsabilidade permitiram ultrapassar todas as dificuldades. Nem mesmo a aplicação do memorando de entendimento subscrito com a Troika (UE, BCE e FMI) e o respectivo plano de ajustamento, que provocou uma perda significativa dos nossos rendimentos de trabalho e os consequentes descontentamento e desmotivação sentidos por todos, nos impediram de cumprir os objectivos fundamentais e de responder a todos os desafios lançados. Nem tudo foi perfeito, mas podemos sempre avaliar o que foi feito, propor correções e implementar alterações, em processo de melhoria contínua dos procedimentos.
Felizmente, a UBI tem mostrado uma enorme capacidade de adaptação coletiva a estes novos desafios e também uma resiliência notável àquilo que são os impactos significativos destas ações externas na vida de todos nós. Hoje, a Nossa Universidade é uma instituição sólida, credível, sustentável e reconhecida pela sociedade. Por todos envolver no seu processo de desenvolvimento.
Encerrado o período de progressivo endividamento do Estado e das Famílias e dos investimentos na construção de novas infra-estruturas, chegou agora o tempo de utilizar melhor os parcos recursos disponíveis, de promover análises custo-benefício, de rentabilizar da melhor forma os dinheiros que nos são entregues para fazer face a necessidades correntes e de financiamento e de procurar vias autónomas de receita.
Em resultado da sua cultura interna, a UBI soube antecipar esta nova realidade. Criou modelos de gestão modernos, modificou procedimentos, promoveu a racionalização e rentabilização de todos os recursos humanos, financeiros e materiais disponíveis, como se exige de uma gestão moderna, eficiente e exigente.
Ao longo do seu processo de desenvolvimento, a visão estratégica da UBI foi uma realidade, no seu crescimento físico, na diversificação das ofertas de formação e na formação do seu corpo docente e discente estivemos todos. O Plano de Desenvolvimento Estratégico 2020, elaborado e apresentado com transparência, debatido por todos e aprovado por unanimidade, é o verdadeiro caminho que nos há-de guiar nas iniciativas e acções a empreender até 2020. Para que a UBI, fechado o ciclo das infra-estruturas, se posicione e consolide como uma Universidade que oferece serviços globais e coerentes de ciência e educação, com prestígio internacional, assumindo forte protagonismo na sociedade, sendo eficiente e apostando na qualidade.
Mas estes múltiplos e ambiciosos objectivos só poderão ser atingidos com o contributo empenhado de todos. Não é tarefa de apenas alguns. Em mar alteroso, um navio deve ter rota bem traçada e um bom comandante. Mas a navegação depende sempre de toda a guarnição e do seu trabalho empenhado, em cada uma das diferentes tarefas de que o navio depende. Cabe ao comandante, em conjunto com todos os seus homens, manter o rumo certo. Ele deve mostrar conhecimento e dar o exemplo, prever e enfrentar as tempestades, evitar a deriva, unir e manter o espírito de corpo da guarnição e lutar contra os elementos para atingir os objetivos definidos.
Hoje é o tempo de fazer o balanço do rumo seguido até aqui e de apostar de forma clara no futuro, criando opções de geometria variável, apoiadas nas melhores práticas que as diferentes faculdades e serviços permitem, para que todos possam evoluir e serem parte integrante do processo de crescimento da UBI. Cumpre-nos juntar a todos em desenvolvimento sustentado e sustentável, que já não deve regressar ao passado e que deve evitar experiências e aventuras desnecessárias.
Todos somos chamados a confirmar o caminho da UBI em direcção ao futuro. Temos, pois, a oportunidade de ser donos do nosso destino individual e colectivo. Oportunidade que não deixaremos de aproveitar. Se a lista que integramos pretende apoiar uma estratégia específica, na continuidade do que nos últimos anos de bom foi feito e corrigindo as imperfeições assumidas o certo é que, para além das nossas opções e convicções pessoais, todos fazemos parte da UBI e, depois desta eleição e independentemente dos seus resultados, todos estaremos Juntos pela UBI.
Chegou a hora de fazer escolhas e de eleger.
Lista A
Votar em consciência
Texto por Paulo Jorge Pimentel de OliveiraChegado o momento da votação, venho aconselhar a leitura dos textos disponíveis na nossa página, nos quais cada elemento da Lista A expressou os seus pontos de vista sobre a universidade. Torna-se óbvio que estes nem sempre coincidem, o que será altamente benéfico para o funcionamento do Conselho Geral, uma vez ser este o órgão que fiscaliza os actos do reitor e define ou aperfeiçoa a estratégia a ser seguida pela universidade.
Desta vez a eleição para o Conselho Geral parece-me ser relativamente simples, pois existem claras diferenças entre as três listas que se apresentam.
Se o critério do eleitor é só relativo à eleição para o Conselho Geral, então deve analisar e contrastar as pessoas que compõem essas três listas; se confiar em mim e nos restantes elementos que integram a nossa lista, como sendo pessoas idóneas e responsáveis para decidirem sobre o rumo estratégico da UBI, deve votar na Lista A.
Por outro lado, se o critério for a posterior escolha para reitor, o eleitor está já suficientemente informado sobre em quem apostamos. O actual reitor tem experiência governativa na condução da universidade, após um trabalho inicial difícil, em que teve de se adaptar e fazer adoptar a sua visão face ao status quo então existente.
A universidade claramente ficou melhor, seja qual for o critério utilizado nessa apreciação: ganhou um plano estratégico, a gestão foi transparente e publicitada, o número de alunos e a sua captação para os primeiros anos tem vindo a cimentar-se e a deixar de trazer surpresas, a imagem externa da universidade melhorou (na sociedade e na tutela), mecanismos modernos de qualidade e reconhecimento do mérito foram instituídos, a investigação teve um salto quântico e por consequência aumentou a produção de ciência vista nas suas diversas facetas (artigos, livros, influência na sociedade, reconhecimento dos professores da UBI), além de outros pontos que dispenso referir.
Assim neste critério a escolha é simples: vamos manter quem está a fazer bem, ou vamos experimentar o desconhecido? Se a escolha for a primeira, o eleitor deve votar na Lista A. No fundo, os ciclos naturais de trabalho reitoral devem ser compostos por dois mandatos, porque metade do primeiro é despendido no necessário reajustamento de rumo, e só na segunda metade e no 2º mandato podem os reitores de facto pôr em movimento e instituírem a sua visão de universidade.
Gostaria ainda de deixar impressões pessoais desta campanha. Dizem-me que “as pessoas não são números”. Tratando-se de uma verdade de La Palisse, obviamente não pode ser refutada. Mas, quando se trata da apreciação externa do funcionamento de uma universidade, ninguém pense que os avaliadores irão ler atentamente os textos produzidos ou falar calmamente com todos os interlocutores da universidade. Essas avaliações são necessariamente baseadas em critérios simples, objectivos e transparentes, que se traduzem em números, como os criados pela humanidade há milhares de anos, os quais ilustram de foram clara e cintilante, como as estrelas nesse tempo, o estado de uma universidade.
Os critérios para se apreciarem universidades são todos muito iguais; veja-se por exemplo o da Academic Ranking of World Universities (http://www.arwu.org/) baseado em 5 simples parâmetros (são sempre os mesmos, nº de artigos publicados, nº de citações a esses artigos, nº de artigos per capita, e outros dois que pouco interessam em Portugal, como sejam o nº de alunos ou professores que obtiveram o prémio Nobel ou semelhante). As primeiras universidades nestes exercícios são também sempre as mesmas, tipicamente: Harvard, Princeton, Stanford, Caltech, MIT, Cambridge, Oxford, Imperial College, etc. (a ordem é indiferente). É conveniente referir que os critérios de comparação citados não foram criados por americanos, mas sim por chineses, que em 2003 pretenderam avaliar e ordenar a sua rede de universidades.
Dizem-me, lá está a comparar-nos com o incomparável. É certo, há diferenças inultrapassáveis, como sejam o tempo de vida, a quantidade de financiamento, o ambiente de trabalho, etc. Mas o papel de cada um de nós, professores/investigadores, julgo que deva ser equivalente ao aludido por Hemingway relativamente a escritores. "For a true writer each book should be a new beginning where he tries again for something that is beyond attainment. He should always try for something that has never been done or that others have tried and failed. Then sometimes, with great luck, he will succeed." (Desculpem-me não ter escolhido um escritor português...).
Nesse sentido o meu apelo, individual, é para nos compararmos com os melhores. Se a primeira obrigação de um professor universitário é para os seus alunos, a sua essência é produzir Ciência (no sentido lato, abarcando tudo o razoável). O meu apelo é para que votem em consciência.
Última palavra de agradecimento para todos os elementos da nossa lista, com quem aprendi, e para o Professor Pedro Inácio, que teve a amabilidade, aliada a uma disponibilidade total, em tornar públicos os nossos textos.
PJO