A Universidade da Beira Interior e a Internacionalização
Texto por José R. Pires MansoAntes de avançar para o tratamento do tema que me fez pegar na ‘pena’ devo referir que, desta vez e de uma forma explícita, decidi apoiar uma lista patrocinadora de uma candidatura a Reitor da Universidade, e até integrar a respectiva lista ao Conselho Geral, a lista patrocinadora da candidatura do actual Reitor da Universidade da Beira Interior. Tal opção pessoal não significa menosprezo ou desconsideração por qualquer dos outros dois candidatos que se anunciam – candidatos com quem nutro relações de amizade pessoal e que espero continuar a preservar! – mas antes uma opção pessoal, consciente, desinteressada, que resulta da ponderação dos prós e contras para a Universidade, a região e o país, de cada uma das candidaturas e do que é conhecido das suas linhas programáticas.
O meu apoio vai para quem defende valores como liberdade intelectual, integridade académica, diversidade, excelência, responsabilidade social, aprendizagem ao longo da vida e racionalidade (v. Plano de Desenvolvimento Estratégico da UBI). Revejo-me nos quatro eixos fundamentais plasmados no supra-citado plano estratégico, aprovado por unanimidade pelo Conselho Geral cessante, e defendo, concordantemente com isso, uma universidade que ofereça serviços de excelência nas áreas da ciência e educação, com crescente prestígio internacional, lider na sociedade, região e até no país, e que aposte na eficiência e na qualidade.
A propósito dos eixos referidos gostaria de tecer algumas considerações sobre o tema da internacionalização, um tema que me é particularmente caro, a par de outros a que voltarei posteriormente. O eixo estratégico de internacionalização da Universidade, deverá preservar a abertura cada vez maior aos países de língua oficial portuguesa (PALOPS), aos países da União europeia e da Europa em geral, à China (usando Macau como porta de entrada) e restantes países emergentes da Ásia (os grandes beneficiários da globalização), ao mundo árabe-muçulmano, aos países americanos e particularmente aos latino-americanos. Essa abertura deve ter como preocupação, entre outros, o recrutamento de alunos externos para os nossos programas de pós-graduação, particularmente os de doutoramento. Para a captação desses públicos não deve excluir-se, antes deve estimular-se a oferta de alguns destes cursos em língua inglesa, uma prática que algumas das universidades nossas concorrentes como a Nova de Lisboa e a Católica já estão a adoptar há algum tempo com manifesto sucesso e que eu próprio já iniciei numa disciplina do 2º ciclo/mestrado em Economia em que a maioria dos alunos eram alunos Erasmus (14 em 17) que leccionei o ano passado.
A par do recutamento de alunos estrangeiros a internacionalização deve aprofundar-se pela participação crescente em projectos internacionais, com ou sem liderança da UBI, particularmente naqueles que são financiados por fundos comunitários (UE) e ainda pela oferta conjunta com universidades de prestígio internacional, de programas pós-graduados, como o Erasmus Mundus para a oferta de mestrados, os MBA, e programas doutorais com atribuição no final de um diploma conjunto (tipo diloma europeu).
A internacionalização passa também pela entrada em projectos de investigação científica que entre outros promovam a transferência de conhecimentos e tecnologias dos seus principais centros emissores internacionais para o nosso país, a nossa universidade e as empresas portuguesas, da região ou fora dela.
José R. Pires Manso
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas