Juntos, pela UBI: porque adiro
Texto por António dos Santos PereiraPoucos são os que conhecem a verdadeira imagem que de si projetam nos demais, mesmo que aqueles e estes se confessem amigos e vice-versa. Os que detêm algum poder, pouco ou muito, em geral, ainda têm ainda maior dificuldade em se rever, porquanto, diria Séneca, frequentemente são vítimas da adulação ou da lisonja e da ambição dos que o rodeiam. Estes geralmente apenas mostram àqueles o que eles querem ver. Não vou lançar aqui uma colheita de frases que atualmente se pode fazer no Google atribuídas àquele sábio estoico, natural de Córdova. O nosso Fr. Heitor Pinto cita-o para comentar o facto de os Príncipes raramente terem quem lhes diga a Verdade e isso me basta. A hipocrisia dos mais próximos e a natural distância com os outros, pelo afastamento que o exercício do poder exige, aumentam as dificuldades do reconhecimento para um agir mais consentâneo aos próprios ideais e o bem daqueles cujo bom exercício do seu cargo implica. Embora uma certa tradição clássica exalte a virtude da impassibilidade e as vantagens do afastamento das lides políticas, eu tomo o partido dos que com Cícero afirmam as virtudes da cidadania e dão o melhor de si pelo bem de todos, com lealdade, nos projetos em que se empenham. Vou dizer, pois, o que de pessoal me move na lista JUNTOS, pela UBI, que apoia o atual Reitor sem hesitações e sem a tentação de cair na hipocrisia ou lisonja que lastimo. Direi também como pretendo conduzir-me sendo eleito para o Conselho Geral e os contornos das minhas propostas ou seja o que penso para a UBI.
Antecipadamente, por força do pressuposto no parágrafo anterior, confirmo o esforço quotidiano por me conhecer para além do que me dizem que sou como investigador, autor, professor e responsável, há muito do Departamento de Letras e ultimamente do Museu de Lanifícios, Centro de Documentação e Arquivo Histórico da UBI. Quero dividir os sucessos com os meus colegas e todos os funcionários com quem tenho lidado, parece-me sempre bem, e assumir as responsabilidades que me cabem nos insucessos. Até hoje, tenho defendido a minha consciência com a força do muito trabalho no desempenho de todas as obrigações. Sobre o talento, se houver algum em mim, os outros que o digam.
Candidato-me ao Conselho Geral da UBI na lista que claramente apoia o João Queiroz a renovar o seu mandato de Reitor porque ele significa o presente sólido e a segurança do futuro a haver. Quando o revejo, sinto particularmente um homem de talento, mas humilde, a melhor das qualidades para o exercício de qualquer cargo, sem mais ambição do que servir, sem nele notar a perigosa ambição de sozinho querer ser capaz de salvar o mundo. Sei que ele sabe conhecer-se a si mesmo para além do que lhe dizem. Nele, noto a solidariedade dos homens que sabem dar as mãos aos que estão consigo e que puxam para diante os que têm dificuldade em acompanhá-lo. Sem a adulação de que me possam acusar, porque os processos foram públicos, destaco a capacidade de diálogo que sempre demonstrou desde o tempo em que assumiu a Presidência do Conselho Científico da UBI e confirmou, como Reitor, na regulamentação dos principais instrumentos legais que atualmente a sustentam, a preocupação em não ferir competências, em premiar o mérito e a sua adesão aos bons procedimentos da avaliação.
Porque quero continuar a descobrir e a cultivar na minha vida quanto possível os valores do humanismo que quotidianamente indago nos maiores do passado português e planetário, porque essencialmente deles tenho sido professor no último quarto de século que levo na UBI, porque, desde que exerço a função docente e já lá vão quase quarenta anos, penso que mais do que ensinado matérias, tenho sobretudo formado Homens, faço-o também com o bom exemplo dos que tenho o privilégio de contatar. Dos reitores que conheci na vida universitária, o pensador e sábio filósofo José Enes, o literato Machado Pires, humanista de cultura próxima ao talentoso Vitorino Nemésio, de grata memória, o engenheiro e decidido militar Passos Morgado, o empenhado e particular amigo Santos Silva, o cientista João Queiroz rivaliza com todos nas melhores qualidades, por isso eu o apoio. Repito, dá-me segurança, porque ele garante uma Universidade aberta e solidária, mas frontal, sem cantinhos e grupinhos de interesses pequeninos, sem o endeusamento de alguns e a diabolização e amesquinhamento de muitos. Obviamente, devo particularmente dizer aqui o que me move como candidato ao Conselho Geral cuja competência maior é a eleição do Reitor, mas em termos do que também penso de motu proprio sobre a Universidade, aderindo no essencial ao referenciado no programa da lista Juntos pela UBI:
- Uma avaliação, o mais transparente possível dos cursos, seu funcionamento e resultados;
- Uma avaliação, o mais objetiva, mas larga e referenciada, possível das atividades de investigação, publicação e docência;
- Uma transparente execução dos orçamentos, com o empenho de todas as Unidades Orgânicas;
- Uma retoma da importância dos Departamentos, nos contactos permanentes com os alunos, na eliminação dos conflitos potenciais entre docentes, na formação de equipas para elaboração de projetos pedagógicos e científicos;
- Em síntese, a melhor realização da parte do "Plano de Desenvolvimento Estratégico para a Universidade da Beira Interior (2012-2020)” prevista para o próximo quadriénio nos seus quatro eixos, investigação e docência, internacionalização, protagonismo e eficiência na qualidade, garantindo a pressuposta liberdade académica e a necessária integridade intelectual.
António dos Santos Pereira
Faculdade de Artes e Letras