Não perguntes o que a UBI pode fazer por ti...
Texto por Pedro Miguel Ramos Marques da SilvaNeste espaço de liberdade e pluralismo que é a Lista A coincidimos no reconhecimento de que existe um plano estratégico a cumprir. A sua aprovação por unanimidade pelo atual Conselho Geral onde se concentram diferentes personalidades e tendências revela o consenso que foi atingido. Revemo-nos nos seus 4 eixos, na necessidade de reforço da qualidade do ensino e da investigação, na necessidade de ganhar prestígio internacional, na necessidade de manter ou reforçar o protagonismo da UBI na sociedade, ao mesmo tempo que se deve, internamente, continuar o esforço de melhoria da qualidade dos serviços.
Coincidimos também no reconhecimento de que a pessoa que está em melhores condições para conduzir os destinos da Universidade nos próximos 4 anos é o Prof. João Queiroz. Coincidimos em não querer que se desbarate o que de bom se alcançou nos últimos anos:
- Uma Universidade competitiva na captação de alunos, apesar do contexto desfavorável;
- Uma Universidade em que a necessidade de investigação passou a fazer parte da sua cultura organizacional com reflexos no crescimento da produção científica;
- Uma Universidade dotada de equilíbrio financeiro, absolutamente vital em época de crise;
- Uma Universidade com uma “governação” radicalmente mais transparente e com faculdades com autonomia reforçada;
- Uma Universidade que continua de rosto humano, e que procura hoje atenuar os resultados dessa catástrofe que afeta quem quer continuar a estudar mas não o pode fazer por falta de recursos.
Será injusto esquecer que durante este período a Universidade foi obrigada a construir um edifício regulamentar complexo. É óbvio que a solução ótima não se encontra à primeira. Foi necessário encontrar um “espaço” para as Faculdades e parece-me ser quase consensual que a sua hegemonia sobre os Departamentos acabou por ser excessiva. A prática confirmou o excesso de uma solução, à partida plausível, até por ser corrente em outras Universidades.
O RAD é parte desse edifício regulamentar. E, embora eu não preveja unanimidade sobre os aspetos a alterar, parece ser consensual que após um ciclo de avaliação ele próprio deverá ser aperfeiçoado. Sem ilusões, porém, porque não existe nenhum sistema de avaliação de desempenho perfeito e existirão sempre aqueles que o rejeitam tout court. Sem hipocrisia porque da sua primeira aplicação (aos que se sujeitaram a ele) resultaram avaliações maioritariamente altas e muito altas. Sem cair na tentação de atomizar a Universidade ou de o transformar num instrumento inócuo que nos classificaria a todos de excelentes (... a “função pública” no seu pior).
Quero que tudo melhore mas temos que reconhecer que a trajetória que se percorreu, a respeitabilidade que se adquiriu, o progresso ao nível da investigação, os bons resultados alcançados nas avaliações externas (como a da EUA), colocam a Universidade em melhor plano para enfrentar a ameaça (ou a oportunidade, claro) que resulta de uma eventual reorganização da rede de ensino superior.
Quero mais, gostava de ver uma Universidade com maior dinâmica cultural, talvez com mais museus (… é notável o trabalho que o Museu dos Lanifícios faz com recursos limitados), com mais núcleos e atividades culturais. Gostava de ver os serviços terem melhor capacidade de resposta. Gostava que a UBI tivesse na sua oferta mestrados Erasmus Mundus. Etc., etc...
Mas também consigo ver que nunca se tinha feito a aposta na promoção do empreendedorismo sendo ela agora uma prática enraizada na instituição. Ou que a oferta e dinâmica desportiva nunca foi tão elevada. Ou que se procura agora, finalmente, premiar o mérito. Etc., etc… Tudo o que de positivo se alcançou não é, evidentemente, mérito de uma só pessoa. É mérito de quem se esforça na investigação, no ensino, de quem dinamiza atividades dirigidas para a comunidade, de quem facilita o trabalho dos outros.
Neste ambiente de trabalho incomparável que é a academia todos somos poucos pelo que todos temos que inverter a questão (como Kennedy) e questionar o que é que podemos nós fazer pela UBI.
Pedro Silva
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e
Presidente do Departamento de Gestão e Economia.